Friday, March 9, 2007

Derbies do passado....Subam o pano!




Reacende-se uma velha rivalidade, após longos anos sem medir forças, face ao patamar de cada equipa. Infesta e Leça voltam a encontrar-se no domingo e o derby já está a despertar enorme interesse entre os adeptos. Num jogo de palavras, Sérgio e Miguel anteciparam o encontro, mas a troca de gentilezas não deixou adivinhar o vencedor da partida.“Vem aí!”, disse Sérgio, apontando para Miguel que se encontrava no outro lado da rua. O central leceiro foi o último a chegar ao local combinado, mas não estava propriamente atrasado. Minutos antes, Sérgio avançava a explicação do seu velho amigo: “Deve estar a comer um grande tacho de arroz. Você não o imagina a comer...”, gracejou, em conversa com o António Azevedo, o nosso repórter fotográfico. Confrontado com as palavras do experiente atacante, Miguel esboçou um largo sorriso: “O Sérgio só pode fazer esse comentário, porque realmente me conhece bem. Estava a comer arroz e é verdade que sou um grande comilão”. A gargalhada foi geral. A alegria de ambos era evidente. Companheiros de longas batalhas, já não se viam há algum tempo, e por isso o desafio proposto veio mesmo a calhar. Domingo, vão-se voltar a encontrar dentro das quatro linhas, mas já na época anterior foram adversários: “Joguei contra ele, ao serviço do Lousada, e ganhei-lhe”, atira, entre sorrisos, Miguel, preocupando-se de imediato a rectificar a pequena provocação: “Vencemos os dois jogos, mas o resultado em Lousada foi algo enganador. O Infesta teve algum ascendente, mas a estrelinha esteve do nosso lado”. Em desvantagem, Sérgio mostra determinação em corrigir o saldo entre ambos: “Espero ganhar-lhe, sobretudo, para me vingar das duas derrotas da época anterior”. Miguel escuta atentamente e recorda um episódio curioso ocorrido no primeiro jogo em S. Mamede de Infesta: “Na altura em que estávamos na zona que dá acesso ao relvado, o Sérgio disse-me que eu não fazia ideia o quanto era esquisito ver-me com aquela camisola. Foi uma daquelas situações pequenas da vida que acabam por ter o seu peso e atestar a profundidade da relação entre duas pessoas amigas”, conta, emocionado. Sérgio quase emudeceu: “Estava habituado a vê-lo de azul...”, justifica, alargando o raciocínio: “Foram muitos anos seguidos a jogar ao meu lado. De repetente, vejo-o do outro lado equipado de vermelho e preto. Foi estranho”. Abre-se novo diálogo para abordar com maior profundidade o duelo de domingo. Para Miguel, o assunto é sério: “Tenho de ser coerente e admitir que o favoritismo pode estar no lado do Infesta, fundamentalmente, porque joga em casa e manteve a estrutura da época anterior. Nós ainda somos uma equipa em formação”, defende-se, orientando: “Independentemente disso, temos a nossa ambição e vamos lá para tentar ganhar. Além disso, os derbies são sempre jogos especiais, e por isso o resultado é imprevisível”. A análise de Miguel mereceu a aprovação do avançado mamedense: “Concordo com o que ele disse, porque são jogos totalmente diferentes dos outros. Há outra carga emocional e os jogadores transcendem-se. Não sei como as coisas vão correr. Estou confiante, mas tenho a consciência que vamos ter uma tarefa difícil”. Defender os interesses da equipa Conhecem-se há 14 anos, jogaram juntos 12 épocas, mas domingo vão voltar a ser rivais dentro do campo, pequeno-grande pormenor que pode viabilizar um choque mais duro entre ambos. Miguel enfrenta a questão, realçando o profissionalismo dos jogadores: “Se for necessário, e em prol da equipa, claro que não terei problemas em travar o Sérgio, recorrendo à falta. Pode acontecer um lance de maior virilidade, agora não quero é que passe disso mesmo. O futebol não é uma selva”, frisa. Com missão para iludir os defesas, Sérgio confia na sua experiência para criar problemas ao último reduto verde e branco: “Não vai ser fácil, porque o Miguel também é um elemento muito experiente. Vamos lá ver o que consigo fazer. Espero passar por ele, nem seja por debaixo das pernas”, brincou. Numa viagem no tempo, ambos recordam experiências de derbies protagonizados pelas duas equipas: “Jogámos no campo do Senhora da Hora, porque o campo do Leça estava a sofrer algumas modificações, e ganhámos por 3-1 num jogo em que acabámos reduzidos a oito elementos”, lembra Sérgio. Também Miguel encontra nas suas lembranças um duelo empolgante entre as duas formações: “Foi em S. Mamede, e ao intervalo perdíamos por 2-0. Depois, acabámos por realizar uma grande segunda parte e demos a volta ao resultado. O jogo teve casa cheia”, sublinhou, agora que se prepara para reviver as emoções do derby mas equipado de verde e branco. A antevisão estava feita. Sérgio e Miguel abraçaram-se com votos recíprocos de felicidades, prometendo reverem-se à entrada do túnel. Quem paga o jantar? Domingo, no campo Moreira Marques, estão em causa os três pontos da ordem, mas não apenas isso. É que Sérgio e Miguel acertaram uma aposta, e por isso quem perder o encontro está condenado a pagar um jantar: “Está combinado”, confirmou Miguel, logo secundado por Sérgio: “Claro que aceito o desafio”. O Matosinhos Hoje também está convidado e, desde já, agradece o convite. “Soneca” é apelido de Sérgio A boa disposição de Miguel parece genuína, uma marca que o tem caracterizado ao longo dos anos. Sérgio confirma: “É muito divertido. Convive-se muito bem com ele, porque está sempre bem disposto. Dentro do campo, tem alguns desatinos, o que é normal, pois está a trabalhar, mas no balneário é um elemento excepcional. Não há palavras”. O central agradece as palavras e, sem hesitar, revela a alcunha do avançado azul e branco: “É um tal de Soneca”, diz, tremendamente satisfeito. “Agora a sério, o Sérgio é uma pessoa exemplar, pois tudo o que conquistou foi através de muito trabalho e dedicação. Trabalhei muitos anos com ele e conheço-o bem. É um grande jogador e as pessoas que o conhecem sabem que ele podia ter ido muito mais longe na carreira”.



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